Alterações climáticas duplicam turbulência nos aviões Prepare-se para apertar o cinto de segurança mais vezes quando viajar de avião. Um estudo britânico conclui que a turbulência atmosférica vai duplicar até 2050 por causa das alterações climáticas. Expresso, Virgílio Azevedo, 9 de Abril de 2013 As hipóteses de encontrarmos forte turbulência na atmosfera quando viajamos de avião vai aumentar entre 40% e 170% até 2050 devido às alterações climáticas, sendo mais provável que duplique, revela o primeiro estudo do género feito pelas universidades de Reading e de East Anglia (Reino Unido). A intensidade média da turbulência vai também aumentar entre 10% e 40%, segundo o mesmo estudo, que analisou simulações feitas por um supercomputador das chamadas correntes de jato da atmosfera do Atlântico Norte, zona atravessada pelo tráfego aéreo intenso entre a Europa e os EUA. Estas correntes de ar muito veloz ocorrem a cerca de 17 mil metros de altitude. Os cientistas focaram a sua investigação nos dias de céu limpo no inverno, estação do ano em que este fenómeno é mais frequente e intenso. "A turbulência nos dias de céu limpo de inverno é especialmente problemática para as companhias aéreas, porque é invisível para os pilotos e os satélites", explica Manoj Joshi, investigador da Universidade de East Anglia. Vingança do clima Paul Williams, cientista da Universidade de Reading, afirma por sua vez que "a aviação é parcialmente responsável pelas alterações climáticas (devido às emissões de carbono dos aviões); por isso é irónico que o clima se vingue criando mais turbulência na atmosfera, que prejudica a aviação". Os passageiros de avião vão, por isso, ter de usar cada vez mais o cinto de segurança nas viagens transatlânticas. Estima-se que a turbulência da atmosfera provoque hoje prejuízos globais para a sociedade da ordem dos 140 milhões de euros por ano. Voos desconfortáveis, aumento do risco para os passageiros e tripulações, danos estruturais nos aviões, atrasos nos voos e aumento do consumo de combustível e das respetivas emissões de carbono com a alteração das rotas, serão as principais consequências do aumento da turbulência atmosférica. O estudo das universidades britânicas acaba de ser publicado na revista científica de referência internacional "Nature Climate Change" e sublinha que este fenómeno "provoca anualmente a maioria dos incidentes aéreos relacionados com o estado do tempo", e ferimentos em centenas de passageiros, alguns deles fatais.